Recente pesquisa TIC Domicílios 2015 revela que 58% da população brasileira usa a internet.  O foco desta pesquisa foi analisar os hábitos de acesso dos brasileiros em relação às tecnologias de informação e de comunicação.

Com 102 milhões de internautas; número que vem crescendo significativamente (5% em relação ao estudo de 2014), o Brasil continua despontando com forte representatividade no cenário mundial, na top list dos 3 países com mais acessos às redes sociais.

De acordo com a pesquisa, o telefone celular é o dispositivo mais utilizado para o acesso individual da internet pela maioria dos usuários: 89%, seguido pelo computador de mesa (40%), computador portátil ou notebook (39%), tablet (19%), televisão (13%) e videogame (8%).

Pulando para outro indicador, segundo dados do IBGE, 24,3 milhões de pessoas fazem parte do grupo de “população economicamente ativa” (formada pelos contingentes de ocupados edesocupados).

Quando cruzamos ambos os dados, muito embora estejamos distantes do percentual ideal de “economicamente ativos”, chega-se à conclusão que:

Grande parte das pessoas que trabalham em qualquer segmento, seja industria ou serviços, estão conectados à internet e, consequentemente, às redes sociais, em tempo real.

Por outro lado, também é significativa a quantidade de empresas que tem fechado os olhos para esta realidade. Que tem deixado escapar a chance de estar presente onde, efetivamente, seus funcionários estão.

Por muitos anos fui apaixonada pelos desafios da área de Comunicação Interna, pois foi onde descobri minha verdadeira vocação. Quando iniciei minha carreira, o relacionamento das empresas com seus empregados, resumia-se, praticamente, ao comunicados internos e mural.

Ao passar dos anos, com a evolução na gestão de pessoas, espaços e ferramentas de comunicação foram criados, sempre com o intuito de fortalecer a marca para o público interno, aproximando a empresa de seus funcionários e seus familiares.

Se há uma cena que me marcou profundamente, foi quando, pessoalmente, saí da minha mesa e fui dizer à um funcionário da produção “seu filho ganhou o concurso de desenho infantil”.

Seus olhos encheram-se de lágrimas, assim como os meus. Aquele fora um momento único de verdadeira conexão da marca que eu representava com seu colaborador.

Mas o tempo passou. Estar próximo ao funcionário por meio de veículos tradicionais passou a fazer parte da paisagem quando surgiu o termo “engajamento”, o que vai além da comunicação unilateral e entra na esfera da troca. Engajamento é envolvimento e interação.

Ainda naquela época, quando o jornal interno impresso, era postado para o endereço do funcionário – após definição de pauta, entrevistas, preparação e edição, chegava a hora de torcer o dedo para que ele e sua família dedicassem tempo para ler o conteúdo.

Torcer para que o conteúdo daquelas páginas complementassem o leque de ações criadas para que  a marca se relacionasse com seu público.

Hoje as possibilidades de envolvimento de uma marca com os seus públicos mudou de patamares. Saiu do papel à caminho das nuvens, embarcando no universo das redes sociais.

Recentemente, estive em uma reunião com executivos de uma empresa multinacional, a qual busca potencializar sua atuação nas redes sociais. Eis que, em determinado momento, um dos diretores presentes na requintada sala de reuniões diz: “temos que controlar o acesso dos funcionários ao facebook”. 

Sua colocação, um tanto quanto utópica – diante do assustador crescimento de acesso às redes sociais via celular, o que permite que um funcionário acesse o que ele bem entender na palma da sua mão, foi justificada por questões de segurança e produtividade.

Concordo com ambas, em gênero, número e grau. Especialmente na industria, incentivar a profunda atenção e dedicação aos procedimentos de segurança, proteção do ambiente, saúde ocupacional e segurança no trabalho é tão ou mais importante do que oferecer produtos de qualidade.

Adicionalmente, aprimorar, ou melhor, aumentar a produtividade é questão de sobrevivência. 

Então, por que não aproveitar o ambiente onde os funcionários e seus familiares estão consumindo conteúdo, exatamente, para endereçar estes desafios?.

As empresas podem criar políticas para a restrição do acesso à internet via computadores que pertencem ao seu contigente de ativos-fixo, mas parece-me quase que impossível proibir o acesso ao celular. 

As pessoas estão nas redes. Isto é um fato. Buscar ampliar seu número de fãs e, efetivamente, gerar engajamento com os seguidores (dentre os quais encontram-se os funcionários) é outro importante fato que, tem sido ignorado por um grande número de empresas.

Costumo dizer que “o elefante já está na sala”. Cabe agora aos gestores estratégicos e visionários convidá-lo para sentar, conhecer seus pontos fortes e fracos e aprender a lidar com este novo convidado.

Tentar ignorar a força das redes sociais é como fechar os olhos para o gigante visitante que chegou. E ele não está na recepção aguardando por alguém da alta gestão que autorize sua entrada.  O elefante branco já entrou, e sem o “crachá de visitante”.

A convite do Fábio Di Renzo  estarei junto à feras da comunicação, como André Bento de Carvalho e Fábio Lacerda, falando sobre “Os desafios da Comunicação Interna dentro de um cenário cada vez mais tecnológico”, no ABC Marketing Fair 2016.

Obrigada pela leitura e até a próxima.

Luciane Borges

Leia mais de meus artigos aqui no Pulse

2 respostas

  1. Sensacional, Luciane. Eu me vi no seu artigo. Também comecei atuando em comunicação interna e, posteriormente, em comunicação focada em segurança e saúde ocupacional. Estas duas causas são altamente relevantes para o conforto moral, físico e psicológico das pessoas, principalmente quando trabalham em empresas competitivas e focadas em resultados. Te desejo muito sucesso no ABC Marketing Fair.

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