Fiquei sabendo da campanha da famosa rede de loja Marisa, quando já havia virado assunto para todos os lados, por meio de uma mensagem de indignação de uma pessoa no Facebook. Esta foi apenas uma das milhares de mensagens contra a ação, às quais se juntaram outras milhares a favor.

Vou me abster de comentários ou julgamentos sobre a campanha, mesmo porque, eu não estava presente na sala de reuniões onde “alguém bateu o martelo para aprovar que a campanha fosse ao ar”. Se eu fosse a pessoa com poder de decisão nas Lojas Marisa, teria decidido por não aprovar a campanha, por inúmeras razões, dentre as quais o fato de ser algo ligado ao momento político do país.

Política, futebol e religião são sempre temas polêmicos.

Mas o fato é que desconheço os fatos. Talvez a intenção clara fosse mesmo viralizar. Talvez a ingenuidade reinou na correria do dia a dia e, em especial, às vésperas do Dia das Mães (para quem atua no comércio, esta data é tão importante quanto o Natal). Talvez alguém da área de marketing da empresa tenha tido que acatar ordens.

Por mais que se fale muito da gestão participativa no mundo organizacional, ainda chovem situações nas quais: “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Eu mesma já tive que implementar programas sobre os quais eu não acreditava, porque era assim que a chefe queria, e ponto final (sem discussão). Naquela época, não podia me dar ao luxo de pedir as contas e buscar o meu propósito. Só me restava acatar.

A polêmica ação de marketing foi pauta de tudo quanto é mídia. O acesso à página da Marisa no Facebook deve ter crescido exponencialmente, desde o dia 12 de maio (data do início da campanha), mas outro fato é que não sabemos ao certo qual o resultado de tanto buzz.

De qualquer jeito, dois pontos me chamaram a atenção diante de tudo o que li:

# 1 – Definitivamente, quero entender mais sobre este fenômeno que ocorre nas redes sociais, quando todo mundo tem que dar a sua opinião sobre tudo o que acontece (aliás, é o que estou fazendo neste artigo, rsrs).

Meus sobrinhos sabem bem o quanto gosto de dar opiniões, mas no caso, é algo ligado a minha vida por laços sanguíneos. Quando coloco meu ponto de vista, sempre é buscando o melhor. Se algo de ruim acontecer com eles, isso afetará minha vida fortemente.

Agora, o que acontece com as Lojas Marisa, o que fala o novo presidente americano, o jogo do último domingo, se a artista estava no shopping passeando com seu filho, e aí por diante, isso tudo tem tão pouco a ver comigo. Quero dizer, não vai gerar impacto direto na minha vida.

Claro, diante de um sistema democrático é dado a qualquer pessoa o direito de opinar, mas fico me questionando se não estaríamos opinando demais da conta, em assuntos não relacionados com a nossa vida?

Segundo a filosofia de Parmênides, opinão é a ideia confusa acerca da realidade e que se opõe ao conhecimento verdadeiro.

Diante tudo o que li, num único link que pesquisei, na página de economia do portal de notícias G1, dois contrastes foram relatados (aliás, como deve ser feito no jornalismo):

Estudo realizado pelo Social Media Examiner, já na nona edição, buscou entender o comportamento dos internautas nas redes sociais, baseado em três premissas:

Outro estudo realizado pelo New York Times Consumer Insight Group identificou as cinco razões pelas quais as pessoas atuam nas redes sociais. 40% dos participantes disseram que usam as redes para compartilhar informações sobre os temas que defendem ou para gerar discussões ou encorajar ações.

As cinco razões são:

  1. Auto-realização, individualidade, identidade
  2. Defender uma causa
  3. Relacionamentos
  4. Auto-expressão
  5. Diversão

Mesmo que 84% dos respondentes afirmaram que “suportar uma causa” é o principal interesse de sua presença nas redes sociais, interessante notar que os pesquisadores identificaram a convergência entre as duas primeiras.

No case Marisa ficou claro a maneira como as pessoas se posicionaram, defendendo a causa de respeito à mulher, ou simplesmente fizeram questão de pontuar a visão sobre o fato. Ou seja, levando-se em consideração a diversidade do mundo, é compreensível que o mesmo fato seja visto de maneira completamente oposta. O que me leva ao segundo ponto…

# 2 – Não há teoria ou estudo que me faça entender a hostilidade com a qual muita gente se posicionou com relação ao caso, inclusive com xingamentos e palavrões. Confesso que fiquei um tanto quanto chocada com termos que foram usados para retrucar ou atingir outros internautas (em especial, aqueles que pensam diferente).

Será que no cara a cara as agressões permaneceriam? Será que ao vivo e a cores a hostilidade estaria no mesmo nível? O quanto que por de trás de um teclado a pessoa revela da sua verdadeira personalidade?

Qual o tipo de recompensa que uma pessoa obtém ao xingar alguém nas redes sociais, simplesmente por ter discordado da sua opinião? Detalhe, alguém que, possivelmente, ele não conheça e que jamais vá conhecer.

Me parece que o excesso de ousadia rondou outras empresas para criarem campanhas para a celebração do Dia das Mães. Ao menos é o que mostra a marca Skittles em seu vídeo celebrativo veiculado para a data especial.

O vídeo mostra um filho adulto ainda ligado à sua mãe por meio do cordão umbilical. Imagem um tanto quanto perturbadora, chegando a ser agressiva. O tremendo equívoco da campanha também foi pauta de diversas mídias internacionais.

https://www.youtube.com/watch?v=d7rsklT83D4

O desgosto dos consumidores fez com que a marca tirasse o vídeo de seu canal no YouTube, e também neste caso as manifestações são contrárias. De toda forma, por conta das redes sociais, o consumidor conseguiu influenciar a marca – isso é poder demais.

Na minha opinião, é o trunfo que qualquer pessoa possui ao estar presente nas redes, sem ter que abusar da hostilidade.

Me preocupa imaginar que, talvez, um grande número de pessoas estejam somente seguindo a definição de opinião da Wikipedia: utilizada por pessoas desinformadas, propagadores de ódio ou influenciadores digitais.

E aí, qual a sua observação?

Obrigada por sua leitura. Até a próxima.

Luciane Borges

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