Após assistir, pela terceira vez, ao filme  Um Senho Estagiário, com Robert De Niro e Anne Hattaway, foi impossível resistir ao ímpeto de escrever algo. Só que a minha estória começa assim:

Primeiro dia do ano, longe de casa, chamei minha mãe pelo skype para saber como tinha sido a comemoração da família. Que conste nos autos (rsrsrs) que minha mãe tem mais de 65 anos e lida perfeitamente bem com Ipad, Skype e Facebbok. Um dia estávamos tendo problema para conectar pelo skype e ela simplesmente soltou: “pera aí, vou te chamar pelo face”. Aquele barulhinho na tela e eu bege; ela havia desenvolvido mais uma habilidade high tech.

No nosso papo, me chamou a atenção quando ela mencionou que, após o almoço, todos foram assistir a um filme, o qual ela fez questão de reforçar que foi um dos melhores filmes já vistos até então. Como cinéfila e fã de carteirinha do Roberto de Niro, lá fui eu seguir mais um conselho de mãe. Daí foi só sentir e entender o motivo da tão efusiva indicação. 50 dias passados do novo ano e, praticamente, acabo de apertar o stop, finalizando a terceira vez que me diverti, assistindo, ao que me parece, uma lição de vida.

A crítica classifica o filme como uma comédia leve, que trata a questão da mulher e seus diversos papéis nos dias de hoje e o choque entre gerações. Eu classifico como um filme encantador, o qual, nas entrelinhas, aborda questões relacionadas a experiência de vida. Tanto que, o nome do filme em Inglês é algo do tipo: a experiência nunca envelhece.

Ben Whittaker, o personagem interpretado por Robert de Niro, beira os 70 anos, é viúvo e tem buscado preencher os campos vazios do seu dia a dia com atividades diversas. Aposentou-se de um cargo executivo da empresa de impressão de listas telefônicas, após 40 anos. Sentido-se entediado, um dia depara-se com um anúncio que buscava Estagiário Senior – tipo, da melhor idade, para uma empresa de venda online, com menos de 2 anos e mais de 200 funcionários.

Ben é um dos profissionais selecionados para compor o novo projeto da área de RH, ou Aquisição de Talentos, cujo objetivo era equilibrar o nível de experiência, afinal de contas, o negócio de sucesso era formado pela geração Y e millenials. E é aqui que começa o aprendizado que, sábia e divertidamente Robert de Niro nos proporciona:

  1. Adapte-se as tecnologias – A empresa solicita que a candidatura seja feita por vídeo o que faz com que Ben Whittaker tenha que, inclusive perguntar ao neto o significado de USB. Imagine só gravar um vídeo, editar e fazer upload no YouTube. Só que para isso, ainda é fundamental escolher um amigável sistema de edição e aprender a lidar com ele. Claro, não precisa ser umexpert  (o que, diga-se de passagem, é impossível nos dias de hoje), mas o conhecimento básico do que está rolando no mundo dos negócios é imprescindível.
  2. Esteja aberto a aprender, constantemente – Desde como ligar um MAC, a como usar um smartphone ou mesmo criar um perfil no facebook, De Niro passa o filme aprendendo tudo de novo que aquele universo trazia – totalmente diferente da empresa que imprimia listas telefônicas. Não sinta-se intimidado se tiver que consultar seu filho, sobrinho ou neto para entender um pouco mais sobre esse mundo-mutante. O que vale é aprender.
  3. Seja fiel ao seu estilo – Mais do que nunca, tem-se falado muito sobre diversidade e a maioria das empresas busca respeitar e valorizar este conceito. Portanto, se não se veste sempre de jeans e camiseta ou, nunca na história da sua vida foi trabalhar de tênis, por que obrigar-se a fazer isso agora? O personagem sente-se orgulhoso e confortável (segundo ele mesmo comenta em determinada cena) em seus ternos. Portanto, seja voce; com o estilo e personalidade que lhe são peculiares.
  4. Valorize-se, mas muito mesmo – Toda a experiência que traz na bagagem da vida – seja no lado pessoal ou profissional, vale muito e pode agregar valor a qualquer negócio. Isso fica muito claro em diversas cenas do filme. Identifique o que o diferencia e use a seu favor – pode ser o ponto decisivo para ser escolhido como o candidato ideal.
  5. Humildade lhe cai bem – Mesmo após ter atuado por vários anos como executivo, o personagem aceita voltar ao mundo corporativo com cargo e responsabilidades, infinitamente, abaixo das que ele ocupava. Aos poucos, ele vai mostrando que pode fazer mais do que a atribuição pede e começa a chamar a atenção de sua chefe.
  6. Entenda o que não mudou tanto – desde longa data buscar emprego é mega-trabalhoso e continua assim.  A diferença agora é que ao invés de buscar vagas no jornal de papel, nos valemos de sites de emprego, empresas e headhunters, E sim, quase que 100% das oportunidades exigem que um perfil seja preenchido no banco de dados utilizado para processos seletivos. Além do desafio de passar por várias e várias entrevistas. Ou seja, comprometimento e dedicação continuam em alta.

Guardada as devidas proporções e adequações,  a vida real, nem sempre é como nas telas; especialmente para o gênero onde o amor é lindo, a primavera é florida e os pássaros cantam. A vida real do Brasileiro é, consideravelmente, mais crítica. O número de aposentados buscando trabalho para complementar a renda é significativo no cenário econômico e social dos países em desenvolvimento – o que, me parece, um pouco diferente do país onde a estória se desenrola.

Tenho assessorado diversos profissionais acima dos 50 anos e, muitos, precisam trabalhar para dar suporte financeiro a família, num contexto cujos filhos ainda estão estudando e o financiamento da tão sonhada casa-própria não foi quitado.  Pra muita gente, os desafios diários da vida são bem mais críticos do que os enfrentados por Ben Whittaker.

De toda forma, acredito que a mensagem passada transpõe qualquer diferença sócio-econômica, pois vai no âmago, cutucando ou reascendendo aquela chama do “eu ei que posso e vou conseguir” inerente a todos os seres humanos, seja com que idade for.

Fica a dica! Se puder, assista ao filme (com pipoca e guaraná, pois isso é eterno). Talvez, suas percepções sejam diferentes das minhas ou da minha mãe, mas certamente serão tocantes e especiais.

Abraços e até a próxima.

Luciane Borges

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