Há alguns anos, talvez, o título do artigo poderia ser “O que Eike Batista pode nos ensinar sobre empreendedorismo” ou algo do gênero. Em dezembro de 2011, o magnata considerado um dos homens mais ricos do Brasil e o oitavo homem mais rico do mundo, segundo a revista Forbes, lança sua auto-biografia, ensinando passos para se tornar um empreendedor de sucesso e, claro, bilionário.

Intitulado “O X da questão. A trajetória do maior empreendedor do Brasil”, o livro é repleto de passagens interessantes e de conselhos que esbarram em clichês, porém, segundo a crítica na época de seu lançamento, com o mérito de ter sido escrito por alguém que efetivamente fez o que prega. As prateleiras de autoajuda trazem livros que prometem fazer do leitor um milionário, mas cujos autores não chegaram nem perto do primeiro milhão.

Pouco mais de seis anos depois, o império de desfez na tórrida cena do mega-blaster-empresário em um cela da prisão. Vou me isentar de qualquer comentário político sobre o fato, primeiro porque não tenho conhecimento suficiente para tal e porque, como diziam meu avô: “política, futebol e religião são coisas que não se descutem”.

Agora, como estrategista de marca pessoal nas redes sociais, ai sim, tenho conhecimento para analisar o fato do ponto de vista de imagem e reputação, até mesmo inseridos no contexto histórico.

 

 

# Marketing Pessoal – Aquilo que deixou de ser

Marca pessoal é um termo, relativamente, novo e que tem ganhado cada vez mais espaço no cenário mundial. Ao analisarmos um pouco mais em profundidade, muitas marcas valiossísimas atualmente, foram nomeadas com o sobrenome de seus fundadores no início da metade so século passado, como por exemplo: Ford, Tiffany, Marriott, entre outras.  No Brasil, temos o forte exemplo do Grupo Silvio Santos, fundado em 1958, mas que até hoje está absolutamente vinculado à marca pessoal Silvio Santos.

O que mudou daquela época para cá é a forma como estas marcas se posicionam. Antes, o consumidor comprava a tão difundida mensagem “Me compre, me compre, me compre. Eu sou bom, eu sou bom, eu sou bom”. Esse contexto evidencia o Marketing Pessoal, que nada mais é do que  uma ferramenta usada para promoção pessoal de modo a alcançar o sucesso. Um estratégia usada para “vender” a imagem, influenciando a forma como as outras pessoas percebem a marca.

Na maior parte das ocasiões, esta expressão é usada para designar um modo de se expressar, que contribui para o alcance de um determinado objetivo, como um emprego, por exemplo.

Claro que não podemos deixar o Marketing Pessoal de lado, mas como ferramenta secundária. Hoje, até mesmo por conta da extrema velocidade e facilidade com que as informações são difundidas nas redes sociais, o que vale é o termo “Eu ouvi dizer que você é bom”. O Marketing Pessoal é você falando de você, Marca Pessoal é as outras pessoas falando e indicando seus atributos.

Uma das regras fundamentais para a construção e consolidação de uma forte marca pessoal é a consistência e perenidade daquilo que é dito. E nesse quesito, Eike Batista deixou muito a desejar.

Sim, em seu livro ele ensina como empreender com sucesso no Brasil, evidenciando sua trajetória e os passos que deu para se tornar o empresário mais multifacetado do planeta e construir vinte negócios multibilionários em áreas distintas, começando do zero (segundo palavras dele próprio).

Porém, nada disso foi consistente. O homem que simbolizou o empresário promissor ruiu. O grupo X de Eike Batista vendeu muito dele mesmo, obtendo mega-investimentos, porém oferecendo mais do que poderia entregar. “A rapidez da ascensão foi proporcional a velocidade da queda”, declarou Leandro Karnal em entrevista a uma rádio.

Em seu livro as palavras de Eike parecem perfeitas e caem como uma luva. Conforme citado no blog jornal do empreendedor, eis alguns dos conselhos do bilionário:

Diante dos fatos, fica comprovado que ele deixou de seguir à risca sua própria dica.

Bem, me parece que em seu caso talvez tenha havido exacerbado excesso de autoconfiança. Com a mesma força que encantou o mercado global, Eike Batista conseguiu surpreender (negativamente) não somente o mercado, mas também os investidores que acreditaram em seus negócios.

Com o conglomerado de negócios extraordinários do Grupo X, ocorreu exatamente o oposto. Ironicamente, a empresa foi esmagada pela cara do dono.

A mais clichê de todas as dicas, também nos mostra a completa ausência de talento artístico do mega-bilionário e ainda apresenta a mais poderosa dica para criar, consolidar e sustentar uma marca pessoal: Evite falar “A” e fazer “B”.

Seja autêntico e consistente. A velha máxima de que um dia a “máscara cai” é verdadeira. E a queda é acompanhada de forte crueldade.

Tenho notado um número crescente de empreendedores que, com suas promessas de palco ou suas fórmulas mágicas, prometem impulsionar os negócios ajudando seus seguidores a ganharem 7 dígitos na conta bancária. Outros, trazem respostas prontas e simples para o crescimento na carreira. Assim como Eike conseguiu, tem muita gente ficando milionário com uma ideia e o dinheiro dos outros (sem ter comprovação alguma).

O tempo nos mostrará a credibilidade e consistência desta nova onda de impulsionadores mágicos.

A verdade é que não existe fórmula mágica simples, acompanhada de manual de instrução. Empreender no Brasil é tarefa forrada de barreiras. O mercado de trabalho sempre se mostrou altamente competitivo. E para qualquer que seja o objetivo, de nada adianta gritar aos quatro ventos “Eu sou bom. Eu sou bom”. O segredo está em, gradativamente, conquistar seguidores que digam “Esse cara é bom”, não porque são amigos ou conhecidos, mas porque, comprovadamente sentem que aquilo que você diz é o que você faz. E esta é a principal lição que Eike Batista nos ensina em termos de marca pessoal.

Uma coisa temos que concordar com a fala dele. “Ajude a sorte. Sorte é um elemento do projeto, mas nunca estará presente se o projeto não estiver bem concebido e com todas as variáveis bem cobertas”.

Obrigada por sua leitura e até a próxima. Se gostou deste artigo compartilhe com a sua rede. Fique super à vontade para adicionar seu comentário.

Luciane Borges

# fotos uol.economia

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