Reza a lenda que Dario III, rei da Pérsia, havia cometido vários erros de estratégia de guerra quando derrotado por Alexandre, o Grande. Quem costumava informar ao rei sobre o possível fracasso de suas estratégias era um sujeito chamado Charidemos. Dario III teria mandado matá-lo por trazer más notícias. Outro que, dizem, costumava assustar os mensageiros era Gengis Khan. Quando a mensagem era ruim, Gengis Khan não titubeava em matar o mensageiro na hora.

De histórias como essas é que teria surgido o provérbio latino Ne nuntium necare: “Não mate o mensageiro”.

Mesmo tendo sido criada há centenas de anos, esta máxima ainda é válida hoje para diversas situações, sobre as quais, muitas vezes, não nos damos conta.

Costumo usá-la, conscientemente, para endereçar muitos dos questionamentos que recebo sobre a eficácia das redes sociais, em especial para a carreira profissional. Se por um lado a atitude do ser humano de “enxergar o problema fora de si” é algo que se perpetua, há algo que alterou significativamente a posição do homem na sociedade, o “empoderamento digital”.

O CONTROLE REMOTO

Me considero jovem, mas ao mesmo tempo felizarda por ter vivenciado a revolução da tecnologia ocorrida nas últimas três décadas, e, constantemente, aprendido com ela. Ainda na época do colegial, vibrei com a chegada do vídeo-cassete ao Brasil. O máximo dos máximos quando meu pai chegou com a caixa daquele novo equipamento que, revolucionaria a forma de assistir filmes.

Antes de tamanha revolução, lembro-me que a família toda se reunia no sábado à noite para assistir aos filmes exibidos no Telecine.

O início da transmissão era acompanhado pela solitação de silêncio. Olhos vidrados no aparelho de TV, que mais se parecia com uma caixa d’agua, moviam-se ao sinal do “plim, plim”. Aliás, sonoridade que se traduzia na senha para qualquer movimentação corporal. Hora do intervalo comercial. Momento para estourar a pipoca, buscar o cobertor ou ir ao banheiro. Tempo cronometrado pela emissora de TV, a qual também detinha o poder de decisão sobre o título do filme e dos comerciais.

O único controle disponível era o do Controle Remoto.

Daí veio o DVD, a internet com rede discada, banda larga, celular e a rede social. Inovações que alteraram a forma com a qual relações são construídas, negócios são concretizados e carreiras são conquistadas.

O que mais me fascina nesse cenário é a democratização de pontos de vista,gostos, tendências e escolhas. Surgido antes mesmo da criação da internet, o termo rede social define “uma estrutura social ou um grupo de pessoas reunidos por conta do mesmo objetivo e/ou interesses em comum.

Nunca houve tamanha facilidade e possibilidade de expressão e escolha na história da humanidade. Hoje, qualquer pessoa com acesso à internet tem o poder para decidir qual conteúdo quer consumir.

Dia desses palestrava sobre construção da carreira nas redes sociais, para um grupo de universitários, quando um dos presentes ressaltou que havia cancelado seu perfil no facebook, porque não queria perder tempo com bobagens. Perguntei a ele quais perfis ou fanpages ele acompanhava. Como ele selecionava o conteúdo a ser consumido na rede e a qual tipo de bobagem ele se referia.

Com simplicidade no olhar e humildade nas palavras ele respodeu: “nem sabia que é possível esse tipo de escolha”. Celular na mão, compartilhei com ele minha rotina no facebook, mostrando as páginas definidas por mim para “ver primeiro”. Número relativamente expressivo – o que faz com que sobre pouquíssimo tempo para acompanhar o restante das publicações que são atualizadas segundo a segundo.

Como ser humana que sou, claro que a curiosidade faz parte de mim. Claro que rolo a tela do celular para saber das útlimas: onde fulano passou o fim de semana; como foram as férias de ciclano; o café, a comida japonesa, a bebida elaborada e todas as outras guloseimas que beltrano consumiu e assim vai. Amo de paixão os posts de gatinhos e suas peripécias e também publico fotos das minhas viagens.

Mas o fato é que, alimentar a minha curiosidade consome pouco do meu tempo e, mesmo que consumisse muito, a escolha é sempre minha. Seria um tanto quanto simples culpar o sistema ou o aplicativo, mas a pura verdade é que estes programas não têm ou não deveriam ter controle sobre nossas vidas.

Eu escolho se quero gastar o meu tempo acessando vídeos no Youtube para rir muito com Carlinhos Maia e Porta dos Fundos, ou aprender e refletir com as sábias palavras de Leandro Karnal e Clóvis de Barros Filho. E detalhe, não tenho que esperar o plim, plim para estourar a pipoca.

 

Conversando com um profissional que está em busca de recolocação, fui questionada sobre as funcionalidades da maior rede profissional da internet, sendo que ao final da minha explicação ele retrucou: “Ah, então o sistema é burro”.

Desconheço totalmente tudo que é relativo à programação de sistemas, por isso, sou incapaz de avaliar. Minha experiência e percepção é como usuária, o que me desqualifica para classificar qualquer que seja o sistema com base em análises isoladas.

Minha única certeza reside no fato de que qualquer sistema, programa, plataforma ou aplicativo ocupa o lugar do mensageiro. E daí, cabe a cada um usar a inteligência para escolher a mensagem.

Você escolhe o que consome nas redes sociais ao seguir pessoas e empresas que agregam conhecimento e informação.

Talvez Dário III, da Pérsia tenha tido pouco acesso a informações e dados que o ajudassem a desenhar uma estratégia capaz de vencer Alexandre, o grande. Séculos e séculos se passaram, para nos proporcionar um cenário diferente.

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Abraços. Até a próxima.

Luciane Borges

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