Aos doces vinte anos de idade eu morava em uma cidade do interior de São Paulo. Apesar de nascida na Capital, meu pai havia sido transferido para Piracicaba, devido à uma oportunidade dentro da empresa onde já trabalhava.

A vida por lá era extraordinária, do ponto de vista de uma criança de seis anos, e continuou mágica por quase duas décadas. Em um dado momento, a pequena e pacata cidade me parecia pouco. Eu queria mais. Queria crescer na carreira. Sonhava em ser uma profissional de sucesso. E no meu plano, ao terminar a universidade, eu voltaria para São Paulo.

Junto aos meus sonhos, nascia a internet. Nada fácil conseguir informações sobre o que estava rolando na maior cidade do país, em termos de oportunidades para o meu desenvolvimento profissional.

Me mantinha atenta aos cartazes, afixados no mural da universidade, divulgando eventos que seriam realizados em São Paulo (preferencialmente, gratuitos). Até que um dia me deparei com um seminário gratuito direcionado à jovens em início de carreira. Bingo!

Foi quando surgiu outro mega-desafio – como ir? Na época, meus pais administravam um comércio que funcionava aos sábados. Portanto, não poderiam me levar. Sem problemas Luciane, disse a mim mesma. Pegue um ônibus e vá. Você já é bem grandinha.

Sim. bem grandinha e relativamente mimada. Já havia viajado à São Paulo sozinha, mas sempre com a tia me aguardando na rodoviária. Daquela vez seria diferente, mesmo porque teria que me deslocar até a Paulista.

Aliás, aquela mega-avenida com prédios altos e exuberantes estava na lista “sonhos de consumo de uma garota caipira”. 

Chega o dia. Duas horas de estrada e o ônibus estaciona na rodoviária. Desço os degraus ansiosamente alegre. Afinal de contas, seria a primeira vez que eu andaria de metrô sozinha. 

Pode parecer algo rotineiro para muitas pessoas, mas para mim soava como algo fora do comum (literalmente). No pacote da “primeira vez” estava também o fato de nunca ter andado na Avenida Paulista. Quanta emoção. 

No guichê da estação, já me sentindo forte, independente e com coragem de sobra, resolvi comprar um bilhete adicional. Este para guardar como recordação. Aquele pequeno pedaço de papel seria o símbolo. Para mim era como se houvesse conquistado o mundo, e esse dia deveria ficar marcado na minha história. 

Não pude guardar na carteira a extraordinária sensação de vitória ao subir as escadarias iluminadas pela luz do sol, ao som de carros e buzinas. Lá estava eu na Avenida Paulista. Mal sabia o quanto aquele dia seria marcante.

Consumi cada segundo de conteúdo trazido por executivos que ali estavam para contar suas experiências aos jovens sonhadores. Porém, um deles me marcou. Por sinal, o único que até hoje eu lembro o nome: Robert Wong. Durante a minha carreira, continuei acompanhando suas orientações para a vida pessoal e profissional.

Até que um dia eu recebo o convite para palestrar no Instituto CEO do Futuro. Me apaixonei pelo projeto de cara, cuja missão é elevar a empregabilidade do jovem, disseminando ferramentas de autoconhecimento e autodesenvolvimento e criando condições para que transformar sua realidade. Ao pesquisar mais a fundo, descubro que o Robert Wong é um dos palestrantes e fez parte do grupo de executivos que deram início ao instituto. Me fala se não é de arrepiar?.

Engraçado como o mundo dá voltas e a vida nos proporciona surpresas demais de agradáveis.

Uma delas aconteceu exatamente durante a minha vez de palestrar para “jovens em início de carreira”. Foi durante o evento chamado ICF Talk Show.  Como parte do sorteio para um brinde, participantes subiram ao palco para dizer, em 30 segundos, porque deveriam ganhar aquele prêmio.

Dentre os três concorrentes (todos excepcionais) a jovem Paula se destacou.  Ela contou que até aquela manhã nunca havia assistido a uma palestra. Também afirmou que cada um dos palestrantes (ao todo foram cinco) que subia ao palco parecia que estava falando exatamente o que ela estava buscando.

Mesmo sendo a ganhadora do brinde, talvez ainda não tenha consciência da grandiosidade do verdadeiro prêmio daquela manhã de sábado chuvosa. Ao descer do palco, Paula ainda congratulou os palestrantes agradecendo por tudo que haviam ensinado para ela (arrepiei de novo agora). Meus olhos encheram de lágrimas.

Naquela manhã, senti que pude retribuir ao cosmo o mesmo que absorvi do palestrante de uma manhã de sábado, há mais de 20 anos. Definitivamente, uma realização.

O QUE PAULA APRENDEU NO ICF TALK SHOW?

Como se comunicar nas redes sociais, ser criativa e inovadora, gerenciar seu tempo, falar em público e, ainda por cima, contribuir para a sustentabilidade do planeta.

No fim, todos aprendemos muito. Conteúdo. Lições de vida. Troca de energia. Além de conhecimento, ganhei algo indescritível e que levarei para mais uma porção de tempo. E que nesse mesmo tempo, desejo, de coração, que Paula se recorde do meu nome como alguém que influenciou sua carreira profissional.

Quanto ao bilhete do metrô. Ainda está comigo, guardado como um tesouro!

Laurie Vidoi e Marcelo Boldrini, vocês foram excepcionais como mestres de cerimônia!!

Até a próxima. Obrigada por sua leitura.

Luciane Borges – Especialista e Coach em LinkedIn| Estrategista de Marca Pessoal nas redes Sociais

 

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