Segundo o Comitê organizador dos Jogos Olímpicos 2016, 5 milhões de ingressos foram vendidos para a primeira edição do evento global na América do Sul e que trouxe ao Brasil 11 mil atletas de mais de 200 países do Comitê Olímpico Internacional.

Por insistência do meu marido, eu fiz parte desse número. Confesso que não tinha a mínima vontade ou intenção de ir às Olimpíadas; por uma série de razões sobre as quais não vem ao caso relatar,  mas ele me convenceu afirmando que seria um momento único. E claro que foi!

Em vários aspectos foram oportunidades ímpares, como por exemplo estar presente em uma olimpíada, ou assisitir a um jogo de voleibol ao vivo pela primeira vez até a básica “onda da torcida” em um estádio lotado. Agora o que mais me marcou não foi, necessariamente, uma experiência nova, mas sim a confirmação de algo sobre o qual tenho refletido bastante: o julgamento sem a vivência vale pouco!

Como diz um velho ditado, cabe a cada indivíduo decidir se quer olhar o lado bom ou ruim das coisas e fatos. Eu escolho sempre a primeira opção que, para mim, é a mágica chance de adicionar novas vivências à minha história de vida.

E foi com esse espírito que embarquei rumo ao Rio de Janeiro. Sabia que nem tudo seria perfeito, mas decidi que o tempo em que eu estivesse lá seria para perceber o lado positivo de tudo.

Novamente, estou aqui no saguão do aeroporto escrevendo sobre tudo que passei em curtos, porém longos, dois dias em que passei na Rio 2016. Listei 6 pontos mega-positivos dos Jogos Olímpicos 2016, sob o meu ponto de vista (claro!), os quais merecem ser condecorados com medalhas.

  1. Compra de Ingressos – Esta foi a primeira interação com a organização do evento. Muito embora eu tenha tido que utilizar o cartão de crédito da minha mãe, pois a bandeira do meu cartão não era aceita, a “compra foi realizada com sucesso” e de forma rápida. Não sou frequentadora habitual dos estádios de jogos de futebol, mas entendo que o preço dos ingressos estavam na média.
  2. Comunicação pré-evento – Também me chamou a atenção o número de oportunidades de relacionamento geradas pela organização via e-mail, no período de 70 dias entre a compra e os jogos em si, com conteúdo relevante. Como profissional da área de Comunicação, uma das minhas constantes reclamações sempre foi a de que as pessoas não leem, habitualmente. Seria incoerente que eu deixasse de ler tudo o que recebi – fato que tirou as principais dúvidas.
  3. Infra-estrutura – O foco é tão somente a estrutura da cidade do Rio de Janeiro direcionada aos Jogos, a qual foi surpreendente. Aquele espaço gigantesco mostrado pela televisão é pequeno perto do real. Tudo é grandioso. Cidade Olímpica, Parques Olímpicos, Estação de Oníbus, enfim, todos os espaços de porte para um evento de tamanha proporção.
  4. Transporte – Apesar das longas distâncias percorridas para deslocamento, este é outro ponto de destaque e sobre o qual pairava meu maior receio. Como moradora da cidade de São Paulo, trânsito é sinônimo de estresse . No meu caso de nível médio, porque se eu tivesse que utilizar transporte público em SP acredito que já seria caso de internação. Havia disponível um cartão de acesso aos meios de transporte disponíveis para deslocamento aos locais dos jogos. Pelo que entendi, trata-se de um cartão já utilizado pela população e que foi adaptado para os Jogos. Seja o que for, funcioniou muito bem.
  5. Sinalização – Além da sinalização que coloriu o aeroporto e as principais ruas da cidade, até mesmo nas estações de transporte a sinalização era abundante, clara e objetiva. Como se não bastassem as placas e banners ainda havia voluntários orientando o deslocamento das pessoas e tirando as dúvidas.
  6. Voluntários – Este ítem ganha a minha medalha de ouro. Impressionante! Segundo dados do Comitê Organizador, o esquema de voluntariado baseou-se em uma equação que envolveu 86 áreas funcionais, 502 cargos e 98 instalações. Muito bem uniformizados, eles estavam em todos os locais, alguns sorridentes outros com um certo ar de cansaço, mas todos cumprindo a função de orientar o público presente. Já organizei eventos de pequeno, médio e grande porte e sei o quanto é trabalhoso mobilizar um grande número de pessoas que atuam em um evento. Isso foi feito brilhantemente na Rio 2016.

Quem sabe da próxima vez…

Não me aguento. Tenho que mencionar os pontos que, ao meu ver, deixaram a desejar. Nestas modalidades, meu olhar foi puramente profissional, com foco na relação das marcas com o público. Já tem um bocadinho de tempo que ouvimos falar da revolução do varejo no século XI, a qual é baseada na experiência de compra.

O próprio mercado percebeu que os consumidores buscam mais do simplesmente um produto. Notaram a necessidade de ser relevantes, de mostrar o seu conceito e construir uma história de significado junto aos clientes. Neste contexto, quem sabe da próxima vez os tópicos “compras” e “serviços” também subam ao pódio.

 Compras

A bandeira de cartão de crédito patrocinadora oficial dos Jogos Olímpicos do Rio 2016, perdeu a chance de oferecer aos seus clientes a experência de compra super agradável.

Ao caminhar pelo calçadão de Copacabana, sob sol de 26 graus  (às 10h30 da manhã) avistei de longe a gigante tenda colorida com os dizeres “loja oficial”, acompanhada de fascinantes imagens de atletas. Oba! Vamos comprar “souvenirs” dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Ledo engano.

Sabe aquele tipo de loja super bem arrumada, com um aroma fascinante espalhado pelo ar condicionado, ao som de músicas eletrizantes, e que no conjunto faz com que a pessoa queira permanecer lá dentro comprando? Não foi o caso!!

Menos de trinta segundos se passaram e eu já comecei a ficar agoniada, imaginando que havia entrado na porta da sauna e não de um estabelecimento comercial. Além de querer sair o mais rápido possível daquele forno, fiquei um tanto quanto indignada como os profissionais que estavam trabalhando “em bicas”. Economia desnecessária essa. Isso é algo que fica difícil de compreender.

Por que uma marca global que investiu bilhões de dólares para patrocinar o maior evento esportivo do mundo proporcionaria uma experiência tão desagradável assim aos consumidores?. 

Serviços

Continuo a pensar que as marcas, sejam de quaisquer segmentos, ainda precisam olhar um pouco mais distante, no sentido de oferecer uma experiência de valor aos consumidores.

No mesmo calçadão da loja quente, sentamos em um barzinho-quiosque completamente decorado com a marca da cerveja vendida no local. Mesmo que a temperatura estivesse abaixo dos 30 graus, se estava calor para uma brasileira imagine para um estrangeiro. A maior concentração de turistas que notei, foi naquele calçadão.

Após 3 minutos, nada acontece. Uma atendente digitando no celular e duas conversando no balcão. Resolvi acenar para ser atendida. E lá veio uma delas com um jeito não tanto simpático, mesmo porque o chato do cliente (eu) havia interrompido o papo dela, e simplesmente deixou o cardápio na mesa, virou-se e voltou ao balcão. Continuamos a assisitir o jogo que estava sendo transmitido. Mais 2 minutos se passaram e mesmo que o jogo estivesse emocionante, resolvemos nos levantar e tentar outro local. Sem consumir nada!!!

Só me resta perguntar qual o efetivo retorno, para aquela famosa marca de cerveja, da atraente decoração, absolutamente, não reforçada pelo serviço?

 Em um cenário em que o marketing de experiência tem levado as empresas a se desdobrarem para chamar a atenção dos consumidores, qual o sentido de indentificação com a marca proporcionados por um relacionamento que deixa de ocorrer porque uma das pontas está desconectada do desafio?

Fica a reflexão para as marcas. Para mim, fica a certeza do valor de mais uma experiência.

Até a próxima.

Luciane Borges

Uma resposta

  1. Oi, Lu! Adorei seus comentários. Que experiência incrível participar dos jogos… Ah! Sei também que sua palestra do dia 30, no CIEE, está bombando. Eu me inscrevi há uma semana. Não consegui lugar no auditório principal, porque estava… lotado!!! Vai ser um sucesso… Ah, se vai!.

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