Semana passada, coincidentemente, quatro clientes usaram quase que a mesma frase para explicar o fato de se encontrarem um tanto quanto perdidos, buscando emprego num mercado de trabalho diferente do que conheciam no início da carreira, e que clama pelo tal ‘networking’.

Não que networking não fosse importante há duas ou três décadas, mas o fato é que tem se tornado cada vez mais relevante e, temos que admitir, menos complexo – por conta da facilidade de aproximação via redes sociais.

Várias pesquisas apontam que ‘falar em público’ é um dos principais medos da grande maioria dos profissionais, mas eu diria que ‘se dedicar ao chamado networking para se manter na carreira’ certamente está entre os cinco medos que aterrorizam qualquer um.

O horror à atividade de expandir e nutrir a rede de contatos, algo muito comum no mundo corporativo e considerado essencial no competitivo mercado de trabalho de hoje, é muito mais comum do que se imagina.

Nós humanos temos características e apresentamos comportamentos bastante diversos. Uma das evidências nos mostra a dualidade entre introvertidos e extrovertidos. Para este segundo grupo, a arte do networking é menos desafiadora, porque se relacionar com pessoas está no cerne da sua essência. Com os introvertidos, o cenário muda totalmente.

Mas o mercado de trabalho absorve (ainda bem !!!) tanto introvertidos quanto extrovertidos. Tanto as pessoas super-comunicativas como as mais quietas, cada uma tem sua especialidade, talento, expertise e tem muito para contribuir profissionalmente, porém o que todos têm em comum é ‘ a necessidade do networking’.

O ideal é que fazer networking seja algo natural (na medida do possível) e uma ferramenta para gestão da carreira, ao invés de algo obrigatório que tem que ser feito num momento de busca de emprego.

Todos sabemos que há uma forte divisão entre o ideal e o real. Nem sempre o ideal é possível, muitas vezes temos que lidar com o real- o famoso ‘é o que tem pro jantar’.

Quem nunca pensou assim?

Em média 3 horas por dia no trânsito somadas às oito horas de trabalho (o que sempre extrapola) – quase doze horas e ainda por cima ter que frequentar eventos para networking. Quem aguenta?. E a vida pessoal, familiar e social?. Usar o pouco de tempo que sobra para conhecer pessoas?

O ideal seria vestir a capa de super-herói ou mulher-maravilha e tentar equilibrar todos estes pratinhos – tarefa bastante cansativa e complexa para um mortal.

Mesmo assim, encarar a realidade não justifica se agarrar ao conhecido e ficar parado, torcendo para que nunca seja demitido e nunca tenha que procurar emprego.

Você Conhece A Parábola Do Sapo Fervido?

“Conta a lenda que um sapo foi colocado em uma panela com a mesma água fria da sua lagoa e com o fogo aceso, a água aquecia gradativamente na panela e o sapo gostava daquela sensação e nem pensava em pular da panela, ficava ali paradinho, só curtindo.

Engraçado como me vejo nessa situação. Em uma das minhas experiências profissionais ao longo da carreira, eu gostava tanto do meu trabalho, amava tanto aquela empresa, me sentia confortável e tranquila e, claro, achava networking perda de tempo…

O sapo não reagia ao gradual aumento da temperatura da água e o final todos já sabem, a água ferveu e o sapo morreu ali mesmo, dentro da panela.

Eu não percebi o movimento do mercado, e o pior, não me mexi quando mudou o presidente, o chefe e a empresa foi adquirida por outro grupo...

Entretanto, ao pegar outro sapo da mesma lagoa e escaldá-lo, ou seja, jogá-lo na panela já com a água da lagoa fervida, ele reagiu imediatamente saltando para fora da panela e dessa forma, preservando sua vida, apesar de algumas queimaduras causadas pelo breve contato com a água fervida.”

Para mim, as consequência foram além de ‘algumas queimaduras’, porque me vi perdida, sem saber como buscar emprego ou retomar as rédeas da minha carreira…

E olha que eu não sou nada introvertida. E mesmo assim, sofri os impactos de ter deixado o networking totalmente de lado.

Bem-vindo (a) ao clube

Um dos motivos que afastam as pessoas do networking é o fato de muita gente ainda associar a atividade com estar desesperado em busca de um trabalho ou tentando se vender demais, o que não é verdade.

Outro motivo bem comum é o fato de simplesmente ‘não gostar tanto assim de estar junto a outras pessoas’. Tem gente que não curte e pronto!!

Conheci um profissional excepcional, recentemente. Trinta anos de carreira consolidada no segmento da construção civil e com vários projetos de impacto; construção e restauração de Rodovias, Ferrovias, Barragem e Construção de Hidroelétricas, em mais de um continente. Único probleminha: ele não sabe fazer e não gosta do networking – o que, até então, gerava impacto zero em sua carreira com sucessivos projetos relevantes.

Mas agora ele precisa se conectar com as pessoas. Ele precisa trocar visão de mercado, conhecimentos e experiências com profissionais que atuam na mesma área.

Claro, ele não se tornará um ninja do dia pra noite. Aliás, pelo perfil menos sociável, talvez nunca se torne um master-blaster do networking, mas a troca de energia que rola nesse tipo de encontro (mesmo que seja virtual), certamente o ajudará na busca por recolocação profissional.

O que fazer, de forma prática, para iniciar sua jornada de networking?

Frequentar eventos ligados às suas áreas de interesse, é sempre um modelo que funciona muito. Preferencialmente, vá sozinho – porque daí terá que se enturmar. O famoso conselho ‘leve cartão de visita’ pode ficar no passado – muito mais simples e socialmente responsável pegar o celular, localizar o perfil da pessoa em qualquer rede social e pronto, conexão efetuada.

Claro que vou afirmar que a melhor rede social para se conectar tendo como foco a carreira ou negócios é a rede Linkedin, que ainda por cima conta com uma funcionalidade que agiliza a conexão.

Esta função está disponível no app e para acionar:

Preferencialmente, na mesma semana, envie uma mensagem para a pessoa reforçando o quanto foi produtiva a conversa que tiveram, o quanto gostou de conhecê-la, enviando a foto que tiraram no evento, enfim use gatilhos conhecidos para começar uma conversa.

Não, não, não, não e não…!!!!! Não mencione que está no mercado e aproveita para enviar o CV, para o caso da pessoa saber de alguma vaga e te indicar. Isso NÃO funciona!!

Ainda no universo do networking online

Se você costuma usar a rede Linkedin para manter contato com conhecidos, sugiro que use o Whatsapp – muito mais amigável e ágil. Agora, se você quer ampliar sua rede de conhecidos para alavancar oportunidades de carreira, vamos voltar para o Linkedin.

Busque se conectar com profissionais ligados à sua área de atuação, e para tal use o mecanismo de busca avançada, selecionando pessoas via região geográfica, nível de conexão, indústria, área ou cargo.

Envie o convite com uma mensagem personalizada (mesmo que curtinha). Esta ação já o diferencia e faz com que a primeira impressão seja bacana e positiva. Novamente, este é o mundo ideal !!!!

Neste vídeo reforço algumas ações que podem ajudar a ampliar a rede de conexão estrategicamente.

Como criar uma rede de conexões qualificada

 

Recorrer a conhecidos é uma opção interessante

Retomar o contato com conhecidos ou antigos colegas de trabalho, é bastante efetivo, pois estas pessoas podem ser fontes sobre o mercado, o segmento, a própria empresa, além de saber quais empresas estão contratando. Podem até colocá-lo em contato com os profissionais responsáveis pela seleção de candidatos.

Essa aproximação também carece de sutileza. Imagine a cena: chega uma mensagem de um antigo colega de trabalho, o qual logo após o ‘como você está?` ou `quanto tempo, não?’ já o aborda dizendo que ‘está no mercado, buscando emprego’.

Como soa pra você? Meio falso e interesseiro?

Adoraria dizer ‘siga 3 passos mágicos para virar um ninja do networking’, mas eu estaria enganando o meu leitor. Não há uma sequência de passos mágicos, e sim muita estratégia, ação e dedicação. Quanto mais cedo começar, mais cedo verá resultados.

Estava em uma palestra para executivos em transição de carreira, quando um deles levantou a mão e comentou ‘na minha época, bastava frequentar uma boa universidade e ter um conhecido aqui outro alí e já estávamos empregados (ele permaneceu na mesma empresa por 28 anos). Agora me parece tudo tão complexo: formação, experiência, networking, conhecimento do mundo digital, marca pessoal. Quantas habilidade são requeridas agora.’

Só me coube responder: bem-vindo ao mundo como é hoje.

Portanto, se você faz parte do grupo das pessoas que não curtem o tal do networking, te aconselho a desenvolver esta habilidade, porque pode ser o seu diferencial no mundo como é hoje, e certamente vai te salvar da água quente!!!

Obrigada por sua leitura a até a próxima. Deixe seu comentário ou divida conosco sua opinião ou mais dicas para aprimorar o networking. E se achar que este artigo pode ajudar outras pessoas, basta compartilhar com a sua rede.

 

 

 

4 respostas

  1. Muito obrigado Lucíane! Texto pertinente, interessante e carregado de conhecimento. Tenho feito bons contactos ao focar-me em ajudar o próximo. Penso que seja uma forma de criar contactos duradouros e com significado.
    Bom trabalho!

    1. Ah que bacana que gostou Helton. Certamente, temos que buscar contatos que se tornem laços verdadeiros.
      te agradeço pelo feedback. Sucesso pra ti, com muitos contatos, rssrs! Abraços. Luciane

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